Lola escolheu ser prostituta, encarou o preconceito para assumir a profissão e escreveu um livro contando suas aventuras sexuais. O lançamento aconteceu no dia 11 de agosto, na Livraria Cultura, em São Paulo.
Gabriela Natalia Silva, 22 anos, prostituta, formada em Letras pela Universidade Federal de São Carlos, lançou seu primeiro livro este mês. Sim, prostituta. Oras.
Gabriela Natalia Silva, 22 anos, prostituta, formada em Letras pela Universidade Federal de São Carlos, lançou seu primeiro livro este mês. Sim, prostituta. Oras.
Lola Benvenutti (Lola, do romance do russo Vladimir Nabokov; Benvenutti, em italiano, “bem-vindo”) foi o pseudônimo que Gabriela escolheu para viver suas aventuras no universo onde as pessoas pagam por prazer. De família conservadora e pai militar, teve a criação que a sociedade espera que todas as meninas tenham, estudou em bons colégios, e, mesmo assim, escolheu seguir a mais antiga das profissões: ser prostituta.
Mas assumir a profissão não foi simples assim, como vocês podem imaginar: sofreu com a decepção dos pais, foi perseguida na faculdade e julgada pelos conhecidos na rua. Hoje ela lida melhor com a situação, tem seu próprio apartamento e carro, comprados com o dinheiro do seu trabalho.
No livro, O prazer é todo nosso (editora MosArte), relata suas vivências como prostituta e sempre problematiza alguma questão sexual. Problemas entre casais, ménage, homossexualidade, sadomasoquismo, suruba, fetiches. A capa exibe um divã: trata-se de um convite à descoberta de si mesmo através dos relatos em busca do prazer. A linguagem do livro é muito próxima à realidade e à proposta, sem poupar detalhes para descrever as cenas. Muito disso porque a ideia do livro surgiu, justamente, pelos textos que publicava em seu blog.
Conversei com Lola no dia do lançamento e perguntei se ela sente que os homens estão preparados para uma geração de mulheres independentes, como ela: “Não. Não estão. Mas as mulheres estão se colocando mais [na sociedade], exigindo mais, e isso é ótimo”, comemora.
Aqui, um trecho do livro em que ela aponta um ponto de vista que não costumamos ver com tanta frequência:
“Se nós, mulheres, já nos sentimos pressionadas com tantas imposições relacionadas à estética, família, bem-estar e comportamento sexual, o que dizer dos homens que só são considerados homens quando agem como cavalos garanhões, insaciáveis sexualmente e sempre ativos?”
“Se nós, mulheres, já nos sentimos pressionadas com tantas imposições relacionadas à estética, família, bem-estar e comportamento sexual, o que dizer dos homens que só são considerados homens quando agem como cavalos garanhões, insaciáveis sexualmente e sempre ativos?”
Apesar da febre dos livros eróticos direcionados ao público feminino (leia-se “febre Cinquenta Tons de Cinza”), O prazer é todo nosso pode ser lido por qualquer pessoa que tenha algum interesse em conhecer diferentes formas de prazer, livrar-se de preconceitos e tabus, matar curiosidades, aprender algumas coisas e sentir vontade de outras (por que não?).
O que os leitores do Testosterona podem esperar do livro? “Uma leitura para ajudar a esquentar a vida do casal, aprender um pouco mais sobre as mulheres e arrepiar os pelos do corpo”, promete Lola.